segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cientistas portugueses descrevem novas espécies

Várias zonas marinhas profundas ainda desconhecidas vão continuar a ser estudadas por cientistas portugueses que já descreveram novas espécies e funcionamento de alguns ecossistemas, um saber importante para aplicação alimentar ou médica, disse este domingo uma cientista, escreve a Lusa.
Os trabalhos de investigação integram-se no projecto Hermione, que tem o financiamento do 7.º Programa Quadro da Comissão Europeia até 2012, envolve 39 instituições europeias e tem como objectivo o estudo dos ecossistemas marinhos de profundidade e do seu funcionamento, relacionando com as alterações climáticas e com o impacto humano.
Este projecto prossegue os trabalhos de um outro, o Hermes, que decorreu entre 2005 e 2009.
Em Portugal, a investigação concentra-se nas zonas do Golfo de Cádis, a sul do Algarve, e nos canhões submarinos da Nazaré, Setúbal e Cascais, além da região dos Açores.
«Não sabemos nada ou [sabemos] muito pouco daquilo que está nas profundezas [do oceano] e estamos a pôr em risco com as nossas actividades alguns destes ecossistemas, mesmo antes de conhecermos as suas potencialidades, o seu interesse, o seu valor económico e ecológico», explicou à Lusa a coordenadora do grupo da Universidade de Aveiro no projecto Hermione, Marina Cunha.
«Conhecemos melhor a superfície de alguns planetas que o fundo dos nossos oceanos, o que é uma falha no nosso conhecimento que não pode continuar», frisou a cientista do Departamento de Biologia.
A cientista referiu que «muitos dos recursos biológicos e geológicos que existem no fundo dos oceanos podem ter um grande potencial para a humanidade, no futuro e agora, em aplicações médicas ou como recursos para alimentação».
No decorrer do trabalho, os investigadores concluíram que aquelas zonas marinhas portuguesas «têm uma biodiversidade muito grande comparada com outras áreas do Atlântico, têm um elevado número de espécies que ainda não foram descritas e uma grande importância para a ecologia das regiões», realçou.
Os principais ecossistemas das águas portuguesas são os vulcões de lama, no Golfo de Cádis, os canhões submarinos, as montanhas submarinas, fontes hidrotermais e em certas zonas recifes de coral de profundidade.
Do trabalho de investigação já resultaram cerca de 15 publicações sobre os ecossistemas, com descrição de espécies novas e aspectos relacionados com a biodiversidade e o seu funcionamento.
O projecto envolve especialistas em Biologia, Ecologia, Biodiversidade, Oceanografia, Geologia, Sedimentologia, Geofísica e Bioquímica e apresenta «um cariz inovador na ligação que estabelece com o campo da política e da economia do mar».

Os seus resultados podem ser aplicados na definição de estratégias para uma gestão sustentada dos recursos marítimos.

http://diario.iol.pt/ambiente/

Sofia Vieira


domingo, 16 de janeiro de 2011

Primeira vacina contra cancro do pulmão

Fármaco foi desenvolvido por investigadores cubanos
Investigadores cubanos anunciam a primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão no mundo. O fármaco, chamado de CimaVax EGF, já foi administrado a mais de mil pacientes, segundo anunciou esta semana o jornal oficial «Trabajadores».

Gisela González, do Centro de Imunologia Molecular de Havana, é a responsável pelo projecto que oferece a possibilidade de transformar o cancro avançado em "doença crónica controlável". O CimaVax EGF é o resultado de mais de 15 anos de pesquisa direccionada para este tipo de tumor e “não provoca efeitos adversos severos”, precisou a especialista ao jornal cubano.
A vacina já foi patenteada e é baseada numa proteína existente no ser humano. González indicou que como o organismo tolera "o próprio" e reage contra "o estranho", por isso tiveram que fazer "uma composição que conseguisse criar anticorpos contra esta proteína".

O tratamento é aplicado quando o paciente conclui as radioterapias e quimioterapias e é considerada "terminal sem alternativa terapêutica" porque ajuda a "controlar o crescimento do tumor sem toxicidade associada".

Entretanto já se avalia a forma de empregar o mesmo princípio do CimaVax EGF em tratamentos contra outros tumores, como os de próstata e útero. A vacina começará a ser testada no Peru em Agosto e já decorre um teste semelhante na Malásia, país em que uma empresa tem os direitos dos testes clínicos e a respectiva comercialização no continente asiático.
2011-01-13
Adriana Vieira, 10º A

Nova bactéria está a corroer destroços do Titanic

Espécie pode desempenhar papel relevante na «reciclagem» dos oceanos

Uma nova espécie de bactéria foi encontrada nos destroços do Titanic. A  Halomonas titanicae foi detectada em formações de ferrugem semelhantes a pedaços de gelo e está a acelerar a deterioração do navio naufragado em 1912, quando embateu num iceberg no Oceano Atlântico.
Os investigadores das universidade de Dalhousie (Canadá) e  de Sevilha (Espanha) que procederam a esta investigação consideram-na  uma potencial nova ameaça microbiana para o casco dos navios e das estruturas metálicas submarinas, como plataformas de petróleo.
Este microrganismo tem uma grande capacidade de causar corrosão em metais, aderindo a superfícies de aço e criando saliências de ferrugem. Além disso, os cientistas suspeitam que a nova bactéria trabalha em conjunto com outros organismos para acelerar este processo.

Segundo os investigadores, esta acção da Halomonas titanicae também pode ser considerada positiva, pois acelera a biodegradação de materiais que afundam no oceano, “desempenhando um papel na reciclagem de estruturas de ferro em determinadas profundidades. Isto torna-se útil no descarte de navios antigos e plataformas petrolíferas que tenham sido limpos de toxinas e produtos à base de óleo e, em seguida, enviados para o fundo do oceano".
Não foi ainda possível determinar se a bactéria chegou ao Titanic antes ou depois de naufragar e, como era desconhecida, não há certezas sobre a sua acção noutras estruturas metálicas.
Os cientistas acreditam que, quando se souberem todos estes detalhes, haverá uma melhor compreensão dos oceanos e poderão ser projectados novos revestimentos capazes de evitar a deterioração em outras estruturas metálicas, como gasodutos que estão submersos no mar.

2010/12/09
Ciência Hoje
                                                                                          Bruna Moreira 

sábado, 15 de janeiro de 2011

Bactérias com 34 mil anos são reanimadas em laboratório


Um complexo ecossistema de bactérias devoradoras de sal sobrevive há 34 mil anos em fluidos no interior de minerais de Death Valley e Saline Valley, no estado da Califórnia (EUA).
A halita, como se denomina o mineral formado por cristais de cloreto de sódio, tem sido o lar dessas bactérias, procariotas e eucariotas, durante dezenas de milhares de anos. A pesquisa consta na edição de Janeiro da revista da Sociedade Geológica Americana, GSA Today.
De acordo com o principal autor do texto, o cientista Brian A. Schubert, do Departamento de Estudos Geológicos da Universidade do Estado de Nova Iorque, as bactérias estavam vivas. Mas a vida delas era limitada à sobrevivência pois não usam energia para nadar nem se reproduzir.
A base da sua sobrevivência é um organismo unicelular, chamado alga Dunaliella, presente em muitos sistemas salinos. Esse organismo produz carvão e outros metabolitos que servem de sustento às bactérias.
Assim, os organismos podem sobreviver, durante períodos imprevisíveis, flutuando em fluidos no interior dos minerais.
«A parte mais emocionante (da pesquisa) foi quando pudemos identificar as células de Dunaliella nos cristais, porque eram indícios de que poderia haver uma fonte de alimento", explicou Schubert ao site Our Amazing World.
O rápido crescimento dos cristais de sal, que envolvem todos os fluidos em pequenas bolhas de ar protegidas no seu interior, é outra das razões da surpreendente longevidade das bactérias, aponta o estudo.
A pesquisa de Schubert e a sua equipa não é a primeira descoberta de organismos tão antigos. Já foram publicados outros que falam de bactérias vivas com mais de 250 milhões de anos. Esta, entretanto, é a primeira em que os cientistas comprovaram as suas conclusões com a repetição de testes.
De acordo com Schubert, ele conseguiu fazer com que os organismos voltassem a crescer uma segunda vez, um resultado também obtido em testes posteriores em laboratórios, o que prova que o seu estudo não foi manipulado.
Em cinco dos 900 cristais de sal analisados pela equipa, novas bactérias se reproduziram, indicou Schubert. Os microrganismos demoraram cerca de dois meses e meio para «despertar» do seu estado de letargia antes de começar a proliferar.
Os cientistas ainda não determinaram, no entanto, como as bactérias conseguiram sobreviver durante tantos anos com o sustento tão mínimo que a alga lhes proporcionava.
A equipa pretende agora aprofundar essa pesquisa e contrastá-la com outras que exploram a vida microbiana na Terra e no Sistema Solar, onde existem materiais potencialmente capazes de abrigar microrganismos, incluindo aqueles com milhares de milhões de anos de idade.
Por enquanto, Schubert e os seus colegas conseguiram algo pouco comum: a reprodução de bactérias que se se reproduzam pela primeira vez após milhares de anos.

Diário Digital

Catarina Fitas

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Escovas de dentes acumulam bactérias em apenas dois meses

Humidade, pouca circulação de ar e restos de comida formam o ambiente mais propício que existe para a proliferação de fungos e bactérias. Não é difícil concluir, portanto, que as escovas de dentes são alvos frequentes de microrganismos. Para piorar, estas nem sempre ficam dentro do armário da casa de banho, por isso estão expostas às gotículas expelidas da sanita para o ar quando se puxa o autoclismo sem fechar a tampa.
O ideal é higienizar a escova de dentes de vez em quando e, se isso não for possível, trocá-la com maior frequência que a recomendada. É o que se pode concluir de um estudo realizado na Veris Faculdades, em Campinas (Brasil), que analisou a presença de diferentes tipos de microrganismos no utensílio, inclusive coliformes fecais e outras bactérias que podem causar problemas gastrointestinais e febre.
As investigadoras Tássia Bulhões e Adriana Perez analisaram dez escovas de dente – metade com dois ou três meses de uso e a outra metade, com apenas um mês. Todas elas apresentaram microrganismos, mas aquelas usadas por apenas 30 dias tiveram índices bem mais baixos.
Cada escova com mais de um mês de uso continha uma média de 1.100 coliformes fecais, 11 mil bactérias do tipo estafilococos coagulase negativa e cerca de 6.500 bolores e leveduras. Aquelas usadas por somente 30 dias apresentaram apenas 13 estafilococos, uma colónia de fungos e poucos coliformes fecais. A bactéria Pseudomonas aeruginosa, encontrada nas escovas usadas por mais tempo, não apareceu nas mais novas.
«Muitos desses microrganismos têm sua população duplicada em poucos minutos e, se o utilizador tem alguma lesão na boca ou gengivite, as portas ficam abertas para infecções que podem ser graves se a pessoa estiver com o sistema imunológico comprometido», explica a orientadora do trabalho, a professora de microbiologia Rosana Siqueira dos Santos.
O estudo chama a atenção para a necessidade de higienizar a escova de dentes todo dia, ou pelo menos uma vez por semana, deixando as cerdas de molho por dez minutos num recipiente com antisséptico bucal ou solução à base de clorexidina, produtos facilmente encontrados na farmácia.
«Se a pessoa não tiver nada em casa, pode mergulhar a escova em água fervente também por dez minutos», afirma a professora.
Se não conseguir higienizar a escova, sugere-se trocá-la uma vez por mês, e não a cada dois ou três meses, como os próprios fabricantes recomendam.
Outras dicas para evitar a contaminação incluem tirar todo o excesso de água com algumas sacudidelas após usar a escova, e nunca secá-la com a toalha (que também costuma estar cheia de microrganismos), nem com papel higiénico (que fica muito próximo da sanita). Depois do ritual, o ideal é guardar a escova no armário e o mais longe possível da sanita, lembrando sempre que é preciso fazer a descarga com a tampa fechada.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=62&id_news=487912&page=3

Rita Brito

Tubarões - A 11.ª praga do Egipto

E, de repente, o paraíso dos banhistas e mergulhadores transformou-se num refeitório para tubarões. Enquanto os cientistas procuram respostas para os ataques em Sharm el-Sheikh, Israel já teve de garantir publicamente que não se trata de uma acção dos seus serviços secretos.
A vida decorre tranquila numa estância balnear, até que, um dia, uma série de ataques de tubarão lança o pânico na região. As autoridades tentam conter os danos, mas, logo a seguir, regista-se a primeira morte. Nessa altura, o alerta geral é dado e, enquanto os turistas são proibidos de entrar no mar, especialistas vindos de fora tentam perceber o que se passa.
Parece a sinopse do velho clássico Tubarão, mas é exactamente o que se passou na última semana em Sharm el-Sheikh, Egipto, uma das mais afamadas estâncias balneares e de mergulho do mundo. O primeiro susto já tinha acontecido dias antes, com os ataques a três turistas russos e um ucraniano, mas foi no domingo, dia 5, que a situação ganhou o dramatismo que nos traz à cabeça as imagens do filme de Steven Spielberg. O corpo de uma turista alemã de 70 anos deu à costa, com a perna direita dilacerada por dentadas de tubarão.
A cena foi horrível. "A água borbulhava como numa máquina de lavar. Eu andava aos tombos por entre o sangue. O tubarão continuava a golpear e a morder aquela pobre mulher e eu mal conseguia manter-me à superfície", relatou ao jornal The Guardian uma turista, Ellen Barnes, que estava na água quando se deu o ataque fatal. Mas isto não representou apenas uma escalada na violência: quando aconteceu, já a opinião pública estava a ser convencida de que os culpados tinham sido apanhados. 
A televisão egípcia divulgou imagens da captura de pelo menos um dos dois tubarões-de-pontas-brancas que teriam molestado os turistas.
Não eram eles. Ou, pelo menos, não eram apenas eles. E lá se vão as semelhanças com o filme, onde a vaga sangrenta se devia apenas a um tubarão "psicopata"... Especialistas internacionais apontam agora para a hipótese de haver outra espécie envolvida nesta vaga sangrenta: o tubarão-mako. E aqui a trama, como em qualquer filme de suspense, adensa-se. Tanto o pontas-brancas como o mako são tubarões de mar aberto e, por isso, raramente são vistos perto da costa. Por que razão estariam eles agora a caçar em águas pouco profundas, atacando, ainda por cima, seres humanos?

Assassinos ou vítimas?

Não são, propriamente, meninos de coro: os pontas-brancas são mesmo considerados os maiores responsáveis por mortes humanas no mar devidas a ataques de tubarão. Mas não em episódios individuais. Por causa da sua abundância e agressividade, eram eles que dizimavam os marinheiros que sobreviviam ao afundamento dos seus vasos de guerra durante a Segunda Guerra Mundial.
Muitos mergulhadores relatam episódios em que se viram na presença de tubarões-de-pontas-brancas, sem que se tenham sentido ameaçados. Mas reconhecem que se trata de uma espécie com um comportamento menos tímido do que a generalidade dos tubarões. Isto pode dever-se ao facto de habitarem águas muito despovoadas, em que qualquer presa potencial deve ser considerada. E se os mergulhadores, com fatos vestidos e uma noção apurada do que se passa em seu redor, são relativamente fáceis de identificar, já os banhistas e as pessoas que observam recifes com máscara - e que chapinham à superfície - são mais susceptíveis de serem confundidos com presas.
Com um comprimento que pode atingir os quatro metros, os pontas-brancas são um predador formidável, mas não são eles que atacam banhistas e surfistas. Pelo menos até aqui. As notícias e imagens dramáticas que de vez em quando nos chocam são, normalmente, protagonizadas por espécies como o tubarão-branco, o tubarão-tigre ou o tubarão-touro. A questão, portanto, é perceber por que razão andam eles em águas costeiras, fora do seu habitat natural.Um pouco mais pequeno (até 3,2m), o mako é também susceptível de atacar humanos, mas é raro no Mar Vermelho. Em qualquer dos casos, porém, a balança tem pendido muito para o lado da espécie que domina o planeta. Outrora muito abundante, o tubarão-de-pontas-brancas tem agora o estatuto de "vulnerável" porque é o favorito dos gourmets para a sopa de barbatana de tubarão. Quanto ao mako, pela sua velocidade e capacidade para saltar fora de água, é considerado um valioso troféu de pesca desportiva.

Um relance do futuro

A sua presença nestas águas costeiras pode significar que encontram aqui a comida que a sobrepesca lhes roubou em alto-mar, mas há ainda outras explicações possíveis: diz-se que um cargueiro terá, recentemente, lançado ao mar várias carcaças de ovelhas mortas durante uma viagem pela zona, o que atrairia os predadores. Ou que os tubarões, devido à massificação do turismo, estariam a habituar-se à presença contínua de pessoas na água e o seu comportamento começava a passar do medo para a curiosidade (e, nesse caso, quaisquer objectos brilhantes, como jóias, poderiam atrair a sua atenção).
Ou ainda que os serviços secretos israelitas, a mítica Mossad, teriam lançado no Mar Vermelho um tubarão assassino para atacar a indústria turística do Egipto. Seria assim uma espécie de 11.ª praga, depois das dez que Deus, segundo a tradição judaico-cristã, fez cair sobre o povo do Nilo. Parece coisa para rir, mas o Médio Oriente não é sítio para brincadeiras e de Israel já vieram desmentidos formais.
Até porque os rumores iniciais acabaram por ter eco oficial. "Dizem que a Mossad soltou um tubarão assassino no Mar Vermelho para dar um golpe no turismo do Egipto. Não descartamos essa hipótese, precisamos de tempo para confirmar estas denúncias", avançou, em declarações à agência Reuters, o governador do Sul do Sinai, Abdel Fadil Shousha. Em Israel, a reacção não tardou: "Parece-me que os funcionários egípcios andaram a ver demasiadas vezes o filme Tubarão. A Mossad tem muitos assuntos bem mais importantes pela frente do que enviar tubarões para os vizinhos", confidenciou ao jornal El Mundo um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Seja como for, e enquanto mergulhadores, pescadores e cientistas tentam perceber o que se passa e os ecologistas receiam uma escalada no morticínio de tubarões, os banhistas vêem-se agora forçados a olhar para as quentes águas do Mar Vermelho sem poderem, sequer, molhar os pés, relata a BBC online. "Os turistas mantêm as suas actividades nos hotéis, podem continuar a embarcar nos barcos com fundos transparentes e a fazer excursões em terra. Podem fazer tudo menos tomar banho e mergulhar na área delimitada", enunciou o porta-voz das autoridades locais.
Talvez o susto passe e os turistas esqueçam rapidamente os ataques (em Portugal, agências contactadas pelo P2 não notaram qualquer oscilação na procura de um destino que, no mercado nacional, é relativamente marginal). Mas há quem receie que esta vaga de ataques tenha sido apenas um relance do que nos espera no futuro.

Público - 11-12-2010
Catarina Fitas

domingo, 9 de janeiro de 2011

NASA adia lançamento de vaivém espacial Discovery

A agência espacial norte-americana (NASA) adiou ontem o lançamento do vaivém Discovery, previsto para 3 de Fevereiro, para uma data ainda a determinar. É preciso mais tempo para reparar o reservatório externo de combustível, justifica.

Tendo em conta o trabalho que ainda está por fazer no reservatório externo e a possibilidade de ter de fazer alterações suplementares, “foi tomada a decisão de adiar o lançamento que estava previsto para a janela temporal de 3 a 10 de Fevereiro”, escreve a NASA em comunicado.

Altos responsáveis da NASA e do programa espacial do vaivém deverão reunir-se na segunda-feira para avaliar os progressos das operações de reparação e decidir que medidas tomar.

Inicialmente, a NASA viu-se obrigada a renunciar ao lançamento do Discovery a 5 de Novembro devido a uma fuga de hidrogénio durante o abastecimento do reservatório externo. Depois de dois milhões de litros de hidrogénio e de oxigénio líquido a muito baixas temperaturas terem sido colocados no reservatório foi detectada uma fissura de 51 centímetros na espuma isoladora e várias falhas nas placas de alumínio reforçado. Por isso, a NASA adiou uma nova tentativa de lançamento para meados de Dezembro, antes de voltar a adiar para a data de 3 de Fevereiro para ter mais tempo de realizar testes, compreender as causas das fissuras e fazer as reparações necessárias.

O voo do Discovery levará seis astronautas a bordo e terá uma duração de onze dias. Será o 39º e o último para este vaivém, o mais antigo da frota da NASA. Em princípio, o último voo de um vaivém da NASA será efectuado pelo Endeavour, nunca antes de Abril. Tudo dependerá do lançamento do Discovery. Se o Congresso norte-americano desbloquear os fundos, poderá ser realizado um lançamento suplementar mais para o final deste ano.
Quando as naves norte-americanas não voarem mais, os Estados Unidos passarão a depender dos Soiuz russos para transportar os seus astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês). Pelo menos até que os veículos espaciais comerciais norte-americanos ou o sucessor dos vaivéns estejam prontos para assumir as missões, provavelmente depois de 2015.




Sofia Vieira


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Bióloga descobre espécie de insecto com milhões de anos em gruta algarvia

Existe há milhões de anos numa gruta algarvia mas só agora foi encontrado por uma bióloga portuguesa. O Litocampa mendesi, animal com três milímetros e sem olhos ou asas, será mais primitivo do que os insectos que hoje conhecemos. Mas as novidades do frágil mundo vivo cavernícola só agora estão a começar.
Sofia Reboleira, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, tem estado atarefada a estudar as amostras que trouxe para a superfície, fruto de doze meses de trabalho de campo em 2009, a dezenas de metros de profundidade nas grutas portuguesas.
A 22 de Dezembro, a revista "Zootaxa" publicava a descoberta do Litocampa mendesi. “Procurámos a fauna das grutas através da observação do interior das cavidades e com a ajuda de armadilhas de queda colocadas no chão”, explicou hoje ao PÚBLICO a bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Nas armadilhas foram colocados iscos odoríferos para atrair os insectos. “Este tipo de armadilhas também ajuda a medir a actividade dos animais, porque os que mais andam são os que mais caem” nas armadilhas.
Mas este é um trabalho exigente. “São animais muito raros que apenas vivem em zonas difíceis de estudar”, disse Sofia Reboleira, também espeleóloga. Investigar a espécie em laboratório está fora de questão. “É impossível manter estes insectos em cativeiro. É muito difícil. Eu nunca vi [o Litocampa mendesi] vivo”, referiu.
A investigadora, que estuda a fauna cavernícola do país, está em condições para dizer que este insecto desenvolveu, ao longo de milhões de anos, impressionantes estratégias de poupança energética para conseguir sobreviver na escuridão das grutas, como a ausência de olhos e asas e a grande resistência ao jejum. Estima-se que este será um animal “mais primitivo do que os insectos” actuais.

A fragilidade das espécies cavernícolas

Sofia Reboleira estuda os animais que não vivem em mais nenhum local que não nas grutas, até aos 220 metros de profundidade, sob a orientação de Fernando Gonçalves (do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro) e Pedro Oromí (da Faculdade de Biologia da Universidade de La Laguna, em Tenerife, Espanha). Até agora anunciou cinco novas espécies. Em Maio foi anunciada a descoberta de duas novas espécies de escaravelhos nas grutas das serras de Aire e Candeeiros e no início de Dezembro outra espécie de escaravelho em Montejunto e um pseudoescorpião nos maciços calcários do Algarve. Agora foi a vez do Litocampa mendesi, numa gruta algarvia a 30 metros de profundidade.
A maioria dos invertebrados que constituem a fauna cavernícola são artrópodes, como as aranhas e insectos. Apesar de viverem em ambientes até agora pouco estudados, estas espécies merecem atenção. "As espécies cavernícolas não conseguem sobreviver em mais nenhum local, logo têm a sua distribuição geográfica muito reduzida. Qualquer perturbação pode pôr em causa a sua sobrevivência", sublinhou Sofia Reboleira. A investigadora lembrou, nomeadamente, a poluição por pesticidas e insecticidas que se podem infiltrar nas grutas e a perturbação ou mesmo destruição daqueles locais por actividades humanas.
Além disso, estas populações nunca são de grande dimensão. "Não tendo luz, as grutas onde vivem estes animais não têm plantas e as fontes de alimento são muito escassas. Por isso, as populações não podem ser muito grandes. Na verdade, estes são exemplares raríssimos".

Sofia Reboleira acredita que 2011 poderá trazer mais surpresas. “Ainda estamos a estudar a fauna encontrada no ano da amostragem, em 2009”, salientou.


Rita Brito

domingo, 2 de janeiro de 2011

Lesma-do-mar: Colorida, viscosa e talvez terapêutica


Da ilha do Faial chegou uma surpresa: o Porto da Horta está pejado de uma lesma-do-mar, onde se isolou uma molécula nova. Os primeiros testes indicam que tem propriedades farmacêuticas. Se daqui surgir uma patente, as populações locais deveriam receber parte dos benefícios? Há uma discussão em curso sobre isto a nível mundial.
Parece feita de veludo e, só de a ver em fotografias, apetece tocar-lhe para confirmar se é macia. E as suas cores, um azul e um verde vistosos, são um aviso aos predadores, como se gritasse aos quatro ventos para não a comerem, que é tóxica. O aviso é a sério: a Tambja ceutae é uma lesma-do-mar que acumula uma molécula tóxica, agora descoberta, para defesa própria.
A espécie já é conhecida há mais de 20 anos: com cerca de 2,5 centímetros de comprimento, foi encontrada pela primeira vez em 1988 em Ceuta, daí o nome científico que lhe atribuíram. Tanto em Ceuta como em Marrocos, Sul de Espanha, Canárias, Cabo Verde, Madeira e Açores, os locais onde entretanto tem sido observada, nunca primou pela abundância.
Mas em Agosto de 2007 as coisas mudaram: numa campanha internacional de estudo das lesmasdo- mar do Atlântico, que incluiu o biólogo português Gonçalo Calado e que passou por locais como as Bermudas ou o Brasil, os cientistas mergulharam numa zona mesmo à mão de semear e deram de caras com ela. Estava colada à ilha do Faial, a pouca profundidade. 
Por que é que há ali tantas Tambja ceutae? A resposta encontra-se no que lhe serve de alimento. Ela come um briozoário, animal que vive agarrado ao fundo por um pé (parece um raminho) e que se alimenta de partículas que fi ltram da água. Ora, esse briozoário, da espécie Bugula dentata, existe em grande quantidade nas paredes do Porto da Horta. “E ela cresce e multiplica-se lá. Facilmente se localizam centenas de exemplares.” 
Os exemplares recolhidos foram congelados e encaminhados para um laboratório em Itália, para uma série de estudos. “Só agora foi possível obtê-la em quantidade sufi ciente para os estudos químicos”, explica Gonçalo Calado.

Guerra contra o cancro

Os especialistas de lesmas-do-mar (ou nudibrânquios, como lhes chamam) sabem que este grupo de animais foi desenvolvendo a capacidade de fabrico ou de acumulação de substâncias químicas que afastam, ou até matam, os predadores. Não têm concha, o que à partida é uma desvantagem, mas arranjaram outros meios de protecção – avançaram para a guerra química. E a coloração chamativa do corpo, associada às armas químicas que desenvolveram, funciona como um aviso aos potenciais predadores.
Cores vivas costumam ser sinónimo de lesmas tóxicas, mas também as há imitadoras: embora sejam comestíveis pelos predadores, protegem-se atrás da cópia das cores vistosas de outras espécies, essas sim indigestas.
Para os seres humanos, as armas químicas das lesmas-do-mar podem revelar-se valiosas. Vários estudos têm demonstrado que são detentoras de moléculas raras na natureza, que podem ter também interesse farmacêutico. Por exemplo, a empresa PharmaMar, em Madrid, tem estado a testar moléculas oriundas de lesmas-domar contra o cancro. A ideia não é apanhá-las até à exaustão para extrair as suas moléculas; antes é inspirar-se nessas moléculas para as fabricar em laboratório.
Aliás, a Tambja ceutae deve adquirir a molécula através da comida. “Foi detectada em pequenas quantidades no briozoário. Muito provavelmente, é o briozoário que a produz e a lesma-do-mar, ao comê-lo, guarda a molécula para a sua própria defesa”, diz Gonçalo Calado, um dos autores do artigo científico.
Os testes, ainda muito preliminares, revelaram que a tambjamina K possui actividade contra células humanas cancerosas do cólon, do útero e do cérebro, por exemplo. Dependendo da concentração, a molécula exibiu uma actividade tóxica notável tanto em células tumorais como em células não tumorais de mamíferos, concluiu a equipa no artigo, acrescentando que a tambjamina K impediu a proliferação de todas as linhas celulares testadas.
Mas desta história pode tirar-se uma lição: “O mar como fonte de substâncias naturais para uso humano ainda nos traz muitas surpresas, mesmo quando olhamos para espécies relativamente comuns e em áreas muito humanizadas, como é o caso do Porto da Horta”, sublinha o biólogo. “Quem diria que no Porto da Horta existia uma espécie com uma molécula nova, que é promissora em termos de algum tipo de tratamento?”
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(Adaptado)

Público
Catarina Fitas