segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cientistas portugueses descrevem novas espécies

Várias zonas marinhas profundas ainda desconhecidas vão continuar a ser estudadas por cientistas portugueses que já descreveram novas espécies e funcionamento de alguns ecossistemas, um saber importante para aplicação alimentar ou médica, disse este domingo uma cientista, escreve a Lusa.
Os trabalhos de investigação integram-se no projecto Hermione, que tem o financiamento do 7.º Programa Quadro da Comissão Europeia até 2012, envolve 39 instituições europeias e tem como objectivo o estudo dos ecossistemas marinhos de profundidade e do seu funcionamento, relacionando com as alterações climáticas e com o impacto humano.
Este projecto prossegue os trabalhos de um outro, o Hermes, que decorreu entre 2005 e 2009.
Em Portugal, a investigação concentra-se nas zonas do Golfo de Cádis, a sul do Algarve, e nos canhões submarinos da Nazaré, Setúbal e Cascais, além da região dos Açores.
«Não sabemos nada ou [sabemos] muito pouco daquilo que está nas profundezas [do oceano] e estamos a pôr em risco com as nossas actividades alguns destes ecossistemas, mesmo antes de conhecermos as suas potencialidades, o seu interesse, o seu valor económico e ecológico», explicou à Lusa a coordenadora do grupo da Universidade de Aveiro no projecto Hermione, Marina Cunha.
«Conhecemos melhor a superfície de alguns planetas que o fundo dos nossos oceanos, o que é uma falha no nosso conhecimento que não pode continuar», frisou a cientista do Departamento de Biologia.
A cientista referiu que «muitos dos recursos biológicos e geológicos que existem no fundo dos oceanos podem ter um grande potencial para a humanidade, no futuro e agora, em aplicações médicas ou como recursos para alimentação».
No decorrer do trabalho, os investigadores concluíram que aquelas zonas marinhas portuguesas «têm uma biodiversidade muito grande comparada com outras áreas do Atlântico, têm um elevado número de espécies que ainda não foram descritas e uma grande importância para a ecologia das regiões», realçou.
Os principais ecossistemas das águas portuguesas são os vulcões de lama, no Golfo de Cádis, os canhões submarinos, as montanhas submarinas, fontes hidrotermais e em certas zonas recifes de coral de profundidade.
Do trabalho de investigação já resultaram cerca de 15 publicações sobre os ecossistemas, com descrição de espécies novas e aspectos relacionados com a biodiversidade e o seu funcionamento.
O projecto envolve especialistas em Biologia, Ecologia, Biodiversidade, Oceanografia, Geologia, Sedimentologia, Geofísica e Bioquímica e apresenta «um cariz inovador na ligação que estabelece com o campo da política e da economia do mar».

Os seus resultados podem ser aplicados na definição de estratégias para uma gestão sustentada dos recursos marítimos.

http://diario.iol.pt/ambiente/

Sofia Vieira


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